Quinhentismo

o Quinhentismo corresponde ao período literário que abrange todas as manifestações literárias produzidas no Brasil à época  de seu descobrimento, durante o século XVI. È um movimento paralelo, ou seja, parecido ao Classicismo portugues e possui ideias relacionadas ao Renascimento, que vivia o seu auge na Europa. A literatura do Quinhentismo tem como tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista material, na forma da literatura informativa das Grandes Navegações, e a conquista espiritual, resultante da política portuguesa da Contrareforma e representada pela literatura jesuítica da Companhia de jesus.

Caracteristicas:

Dispostos a compreender como se dera a Literatura em solo brasileiro, torna-se necessário, antes de tudo, termos consciência de que enquanto em terras europeias, mais precisamente no século XVI, o auge do Renascimento se fazia presente, o Brasil acabara de ser descoberto pelos portugueses. Assim, é exatamente enraizada nesses pressupostos que a noção primeira relativa à literatura de informação encontra seu subsídio maior. Lembrando-se de que quando falamos sobre Literatura de Informação, estamos fazendo referência às produções literárias ocorridas no período relativo ao Quinhentismo.

Com base nisso, não seria de todo descabido imaginarmos como se “desenhou” o panorama das terras recentemente descobertas, demarcado por uma visão deslumbrante das belezas que somente essas novas terras poderiam oferecer, tais como as belezas naturais, os frutos exóticos, o contato com outra língua e a familiaridade com novos costumes. Todas essas certificações fizeram com que Pero Vaz de caminha, escrivão-mor da esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral, registrasse suas impressões acerca do que presenciara por meio da Carta de Achamento do Brasil.

Importante também é lembrar que o Brasil por mais de três séculos foi colônia de Portugal e, com isso, todos nós, conhecedores da história brasileira, devemos nos lembrar de algumas passagens que se delinearam enquanto esse “mandato” aqui vigorava, a começar pelo século XVI, em que a metrópole portuguesa, procurando garantir o domínio sobra as terras descobertas, organizou-a em capitanias hereditárias a fim de povoá-la. No século XVII, a cidade de Salvador sediou o centro das decisões tomadas pelos políticos e do comércio açucareiro. A região de Minas Gerais, no século XVIII, tornou-se o centro da exploração do ouro e, consequentemente, das primeiras revoltas contra a colonização portuguesa, resultando no que conhecemos de Inconfidência Mineira.

Dessa forma, como se pôde notar, as condições para uma literatura autenticamente brasileira não eram as mais favoráveis, em virtude exatamente desse poderio dominador, razão pela qual os escritos são assim chamados: literatura de informação. Depreende-se então, com isso, que se tratava de um conjunto de obras literárias oriundas dos escritos produzidos pelos viajantes, cujo intento maior era relatar acerca das descobertas marítimas e terrestres, da colonização das novas terras e, sobretudo, das consequências no plano econômico, político e moral de todas essas conquistas para Portugal.

Nesse sentido, não é de todo descabido frisarmos que esses viajantes, tendo em vista o expansionismo europeu, encontravam-se a serviço de organizações e, por sua vez, propunham-se cada vez mais a buscar novas descobertas, a converter os povos que se deparavam pela frente, cujos objetivos se manifestavam pelos ideais catequéticos.

Dessa forma, interagidos então nesse espírito de inicialização literária, demarcada pelos registros de tudo aquilo que aqui foi presenciado, tornando-se documentos historicamente importantes e que mais tarde serviram de inspiração para vários outros artistas desenharem suas habilidades, como é o caso de Oswald de Andrade, Chico Buarque, entre outros, vale a pena constatarmos acerca de alguns deles, assim descritos:

# A Carta, de Pero Vaz de Caminha;

# O Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza, datado de 1530;

# O Tratado da terra do Brasil e a História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo, datado de 1576.

# O Tratado descritivo do Brasil, de autoria de Gabriel Soares de Souza, de 1587;

# Os Diálogos das grandezas do Brasil, cuja autoria é de Ambrósio Fernandes Brandão, de 1618;

# As cartas dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos de catequização;

# A História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador, de 1627;

# As duas viagens ao Brasil, de Hans Staden, em 1557;

# A Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry, em 1578.

 

Principais Autores:

Pero Vaz de Caminha, Pero de Magalhães Gândavo, Bento Teixeira e José de Anchieta.

 

O Classicismo e o Barroco:
Classicismo

O classicismo espalhou-se rapidamente pela Europa, com a criação da imprensa as informações eram divulgadas com maior rapidez. O classicismo ocorreu dentro de um grandioso momento histórico social, o Renascimento. É uma literatura antiga que sofreu várias influências principalmente greco-latinas, devido à criação das primeiras universidades que surgiram nesta época, com isto disseminando outras culturas.

barroco:

A segunda edição do Prêmio Clarival do Prado Valladares, criado pela Organização Odebrecht em 2003, patrocinará o projeto A Talha Neoclássica na Bahia. Luiz Alberto Freire é o autor da pesquisa que pretende trazer a público um importante capítulo da história da arte baiana: o movimento de reforma artística que substituiu o Barroco, ocorrido durante quase todo o século 19.

As igrejas do século XVIII apresentavam excesso de ornamentação, eram sustentadas por colunas torcidas e salomônicas, que representavam o infinito, e tinham uma forte carga simbólica, expressa em cachos de uvas, mascarões, aves e grotescos – tudo para envolver os fiéis emocionalmente.

A Talha Neoclássica, influenciada pelo Iluminismo, pelo predomínio da razão em detrimento da emoção, e pelo antropocentrismo, praticados na Europa nos anos 1800, deixou de lado os exageros, levando aos templos uma arte e arquitetura sóbria, tranqüila e racionalista. Os artistas aderiram à tradição antiga greco-romana: as colunas passaram a ser clássicas, caneladas; as referências simbólicas começaram a representar virtudes como a fé, a esperança, a caridade e a fortaleza; e a policromia e o uso excessivo do dourado foram substituídos pelo equilíbrio do brilho sobre fundos brancos.

“O catolicismo denunciava, assim, a sua nova mentalidade: em vez de distrair os devotos com tamanha carga simbólica, seu objetivo era chamar a atenção para a mensagem elementar do cristianismo e, por isso, os templos precisavam ser claros e arejados, para proporcionar aos fiéis um estado de concentração e serenidade”, explica o autor, Luiz Freire, Professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBa) e Doutor em História da Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.

O primeiro registro da utilização da Talha Neoclássica foi em 1792, na capela da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Em 1813, a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, ícone da nova estética, deu continuidade à reforma e desencadeou uma onda de obras nos templos da Bahia, até 1888, quando a Igreja da Ordem Terceira de São Domingos, a última a adotar esse modelo, foi reaberta.

A Bahia tem o maior e melhor patrimônio de Talha Neoclássica do Brasil, com elementos que se filiam aos praticados na Itália e em Portugal, de qualidade técnica e estética, mas com características próprias.

A riqueza desse período, contudo, não despertou nos pesquisadores o interesse em estudar o sistema, o movimento de reforma, a sua coerência e peculiaridades. Luiz Freire afirma que durante sua pesquisa para a tese de doutorado, que dará origem ao trabalho patrocinado pela Odebrecht, não encontrou nenhuma publicação específica sobre o assunto. A única referência a que teve acesso foi o livro A Cultura Religiosa Barroca no Brasil, do museólogo francês Germain Bazin, lançado em 1953, que dedicou apenas cinco páginas ao assunto. “Um movimento que aconteceu por 100 anos merece mais do que isso. Meu livro abordará o tema com uma amplitude condizente com sua importância, ocupará essa lacuna”, diz Luiz Freire.

Segundo ele, a arte brasileira dos séculos XVII e XVIII começou a ser estudada em 1950, período em que a Europa e, conseqüentemente, o Brasil valorizavam o Barroco. “Tudo o que era arte barroca merecia atenção, sobretudo aqui, onde representava nosso passado colonial.” Luiz Freire atribui a escassez de obras sobre a Talha ao fato de o Neoclássico ser considerado o responsável pela decadência do Barroco, já que teria empobrecido a linguagem artística e acabado com a riqueza e a diversidade criativa, por causa de sua simplicidade. Ele discorda:

“Não é verdade. A criatividade se manteve no mesmo nível com a Talha Neoclássica, principalmente na Bahia.”

Luiz Freire comprovará sua afirmação quando o livro estiver pronto. “Para a tese, tive mais acesso aos arquivos portugueses. Agora, com o patrocínio da Odebrecht, vou aprofundar a pesquisa dos periódicos da época, que oferecerão informações sobre o cotidiano no momento, a identidade dos artistas entalhadores, a questão estilística e simbólica e sua relação com o discurso religioso.” O autor, que até hoje estudou 21 igrejas, pretende ampliar este número, inclusive com altares do interior da Bahia.

Luiz Freire acredita que seu trabalho contribuirá para que a sociedade e os órgãos públicos passem a valorizar esse patrimônio como ele merece, a tempo de preservá-lo e evitar seu processo de deterioração, que já se iniciou.